sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Libertinagem, Ebriedade & Poesia

  A noite é certa como meu passado, num dado momento, deixou de ser.
  Leio pessoalidades de gente que um dia foi próxima e a garganta seca levando a pele a arrepiar e o ventre a contrair. Antes fosse só saudade... Mensurar sentimento igual àquele seria ridículo já que tudo se misturava.
  Nós nos misturávamos... Isso tinha um sabor perturbador e igualmente instigante como catuaba e benflogin.
  Entre tantas paredes tantas pessoas.
  Entre quatro paredes quatro pessoas.
  Entre quatro paredes tantas pessoas.
  Qualquer circunstância era válida desde que o amor livre fosse respeitado.
  Qualquer canto num violão era exaltado até darmo-nos conta de que levávamos o rock’n roll aos cantos mais inesperados.
  Inesperado e indescritível é encontrar, depois de milênios, alguém cujo mesmo ideal aparentemente platônico faz lubrificar-lhe os olhos e encher-lhe a alma. Cuja casa permanece aberta para epifanias abençoadas por Dionísio (assim como a de Vinícius)e sempre convidativa a novos adeptos do culto ao romantismo que não é novela, à subjetividade que também pode ter caráter universal.
  A esperança de um contato é inevitável já que a junção de ideias renova forças para o prosseguimento dos caminhos. Mesmo que mais tarde venha a ser finito o sentimento mútuo, posto que é chama. Mas que no fim o encontro tenha adicionado mais uma peça ao quebra-cabeça da vida e que venha a atrair novas possibilidades de encaixes perfeitos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Foi Eva quem inventou a ambição

Ia Eva em seu corpo escultural - digno de um ser criado da costela de outro à imagem e semelhança de Deus - em direção à mais atraente macieira do Éden. Nunca se esquecendo de olhar para trás no sentido de provocar-me a correr mais rápido que ela.
Numa de suas vaciladas disparei no maior pique alcançando antes a maçã mais vermelha. Enquanto caíamos rolando no chão lembrei-me do perigo representado por aquela fruta.
- Se a mesma existe como criação Dele, não deveria ser de todo o mal apreciar seu sabor. – Argumentou ela com toda a sua doce perspicácia e ainda acrescentou com brilho nos olhos: - Acredito que Ele tenha medo de que tomes Seu lugar.
Em meio à minha dúvida existencial e ao suculento aroma da ambição, estado de espírito referente ao homem fraco que almeja poder, cravei meus dentes em torno do alimento proibido.
Se soubesse que não sentaria no trono do paraíso jamais teria 'aberto a caixa de Pandora'. Contudo, numa coisa minha mulher sempre teve razão: se não arriscássemos chegar ao topo jamais confirmaríamos a existência da supremacia absoluta.

Obs.: A redação acima não revela qualquer ponto de vista já que foi feita sob o tema preestabelecido do vestibular. Beijos

domingo, 26 de setembro de 2010

O Romântico E A Malandra

Parte da ilustração de Damaride Marangelli *

  Neblina. Altos gritos de ebriedade. Minha pele é atritada pelo calor. Ela entra. Não resisto à magnitude do seu olhar. Os resquícios do jogo nada aristocrático em minha mão logo são detectados por seu radar. Lança a mim um sorriso que prejulguei ser falso-modesto. Só mais tarde saberia que esse ainda pode significar "Também sou malandra, também posso olhar nos seus olhos e exclamar 'seis' descarada mesmo que elegantemente". O sinal é dado. O fechamento das portas efetuado.
  Ela dá as cartas e vira o 3.
  3...6...9...12...
  12 são as unidades de tempo melhor aproveitadas naquela noite. Finalmente algo me motivara a arriscar levar um não em busca do famoso sim, algo tão forte quanto seus lábios vermelhos e seu olhar de amor livre. Graças à força da minha natureza arrisquei e a levei.
  A casa dos meus pais foi o destino: a informação das férias em Paris nunca me parecera tão positivamente emocionante.
  No quarto, neblina. Altos gritos de libertinagem. Nossas peles são atritadas pelo calor. Eu entro. Eu saio. Entro para me banhar. Saio para tomar um ar... Entro e gozo. Ela manda, eu fico. Fico e pressiono. Ela não resiste ao paraíso em meu olhar e vem comigo. Malandra. Lança a mim um sorriso de falsa dependência: gostaria que isso pudesse significar "Também tenho momentos de fragilidade". A hora é lembrada pelo despertador... Meus sussurros de saudade e pesar são divididos com a porta escancarada.
  A vida dá as cartas e vira a dama.
  Dama que esgotou todo o meu ardor naquela noite. Finalmente choro lágrimas de amor em vez do corriqueiro vazio. Amor tão louco quanto sua voz maliciosa em meu ouvido ou seu cabelo leonino jogado aos pés da cama. Por culpa da minha solidão e autopiedade me exaltei, não aguentaria vê-la partir.
  A casa dos meus pais foi o cenário, a informação de um assassinato nunca seria positivamente recebida. Decidi me juntar à ela. Funguei o aroma de seu colo materno, cravei meus dentes em sua nuca ainda morna. Morri. Morri de amor; porque é isso que fazem os românticos.

*Blog da ilustradora se encontra nas minhas referências logo aí à sua direita!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Idealizando a Liberdade, Libertando o Idealismo

Como um casal de velhinhos tentando recuperar o tempo perdido, se balançavam desordenada e ridiculamente à beira d'água direcionando seus olhos românticos ao pôr-do-sol de pausa em pausa da música latina.
Não entreolhavam-se mais do que o necessário pois estar ali, juntos, já era uma dica de que ambos os corações batiam frenéticos e admitir isso talvez colocasse em xeque cada plano de vida livre que faziam individualmente.
Contudo a mais plena liberdade talvez consista em sentir a leveza tão enraizada dentro de si a ponto de levitar-lhe a alma. Não é certo afirmar que haviam parado para pensar nisso mas é bem provável que dentre tantas as inverdades absolutas, aquele momento marcou como um profundo bem-estar natural.
Quando acordei me sentia preparada para enfrentar qualquer desafio que pudesse haver durante uma vida inteira. Enquanto estava de olhos fechados aquela era a incerteza mais certa que eu poderia sonhar por toda a eternidade.
Ainda me pergunto qual o limite entre uma realidade fantasiosa e um sonho minucioso...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Por Enquanto...

O que me interessa hoje é o aqui e o agora e não o que está por vir.
Pois o futuro algum dia virá a ser aqui e agora sem que eu precise me preocupar com isso.
É algo que acontece independente de mim, ao mesmo tempo que a forma que isso se dará depende do que eu fizer agora.
Nada de ruim irá me atingir, logo sem preocupação flui melhor a vida.
~Leve brisa gelada seguida de um sorriso certo.~
Vejo no céu nublado o tempo propício para começar a ser feliz.
Não espero o já tão almejado feixe de claridade: a nostalgia também faz sorrir, porque nos remete ao que já vivemos e o que já vivemos um dia foi tão intenso por ser aqui e agora.
Aqui tudo sinto mais próximo de mim.
Agora posso estar onde for que a magnitude da Terra continuará ao meu favor.
Lá tive surpresas que aqui são lembranças valiosas, em sépia mas isso não me impede de recordar o olfato do contraste mais colorido.
Sou agora.
Vivo tudo aqui.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Contradição É Pouco... Loucura Nem É Demais

Hoje eu te quero,
Amanhã já não te amo mais;
Agora preciso de carinho,
Dali a pouco transaremos feito animais.
Temos esperança de que um dia eu me renda,
Mas ambos sabemos que não me entregarei jamais.
Portanto me seduza, curta o momento e grite
(Já me acostumei com seus rituais).
Lamba meu períneo
Que em sua boca meu gozo jaz.
Não dê nome aos bois
Pois todo o amor do mundo nem me satisfaz.
Ameace cravar teus dentes em minha nuca,
Assim por um instante aches que um dia me terás.
Desistas de organizar meus pensamentos
Já que só eu sei do que minha loucura é capaz.
Depois de uma noite inexplicável
Um sorriso em sua boca a claridade traz,
Aposto que sonha em me domar
Enquanto eu fecho a porta e não olho para trás.
Eu comigo mesma
Não consigo encontrar descanso ou paz...
Nem eu nem eu mesma temos noção
Do quao ostensiva é a falta que você faz.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"We're Living On The Edge"

Num momento de aflição certos restos do fruto proibido se tornaram grandes companheiros. A mão que os suportavam estava sendo testada e precisava de energia vinda da terra, ao abraçá-los sentiu sua necessidade sendo suprida por cada fio de ligamento entre uma história e outra.
Uma começou com a chuva tocando o solo.
A outra com um lábio tocando outro lábio.
Digamos que da umidade vidas são feitas.
Não somente vidas repugnadas como a dos fungos, mas também vidas que se encontram para fazer diferença na do próximo.
Sempre tantas conexões. Nem sempre consciência das mesmas. Menos ainda valorização de seus encontros.
"Graças à evolução" esses pensamentos não são tão óbvios. Certos atos permanecem despercebidos em caminhos longos. Tão longos que o tempo estoca escravos que pensam estar fazendo o melhor que podem.
Tão longas e ao mesmo tempo tão curtas.
Curta a vida...
Hipócrita e ridiculamente a mão que afaga é a mesma que agride e sente culpa, tudo numa fração de segundo, o que torna o tempo ainda mais rico.
É possível entender a contradição de um semelhante apenas quando se aceita a versatilidade dentro de si, senão tudo é ridículo.
O que não é ridículo é admirável.
O que não é admirável é ridículo.
Não existe mais o meio termo.
Isso sim é risível considerando o meio termo como equilíbrio e o equilíbrio como sendo saudável.
Para quê saúde se temos pressa até mesmo de viver?

domingo, 9 de maio de 2010

Sons da Boemia

O silêncio provocado pelo eco da Dionisíaca é o mesmo que mudou de tom num orgasmo - a medida de tempo que pode durar um segundo ao mesmo passo que significar a eternidade.
Este silêncio...
Sim, ESTE silêncio rasgou a minha pele com a fúria do vento teimoso em fazer o vazio ir embora.
O mesmo silêncio que me revelou o ruído das concretas pilastras do Minhocão, fazia-se agradável diante da minha admiração pela diversidade entretanto revelou-me o quão desdenhável pode ser a perfeição.
Aquele silêncio de perfeita sincronia com a noite fez a asa do frango curvar-se a proteger seu bem material. Na hipocrisia da solidão negada os Ray Ban's cruzavam suas linhas de visão em cumprimento aos semelhantes pois são só estes que os mesmos enxergam.
O silêncio em forma de gota.
Em forma de frio do inverno.
Do amor mais eterno.
Do arrepio do inferno de admitir que seus abraços não mais me aquecerão.
Foi aquele orgasmo que tirou minha concentração.
E levou a inspiração.
Contento-me agora com rimas ridículas e já fora de circulação.
Tudo por causa de um silêncio que custa a ter uma explicação.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Vendo Daqui de Cima...

Como o arco-íris se curva para em recompensa ter o maior tesouro do mundo, eu lhe dava aqueles abraços esperando pacientemente que a chuva terminasse.
Aqueles breves momentos de contato com um outro mundo aqueciam todo o nosso ser: você envolvida duma bolha de sete cores protetora e alucinógena, eu feito um ser humano cego pela ilusão de possuir o pote de ouro.
Contudo os duendes levaram suas brincadeiras longe demais. O pote era só pintado de dourado e estava tão vazio quanto o meu olhar ao perceber que, mesmo o tormento tendo partido abruptamente, eu jamais retornaria a emanar brilho das minhas cores da mesma maneira que fora no dia em que meu maior hábito passou a ser procurar por seu hálito.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Compreendendo a Viúva-Negra

Seu pavor pela entrega a fazia se entregar de forma física inescrupulosamente.
Pensava ser seu modo diferente de ver a vida - aproveitar cada momento como se fosse o último - entretanto via-se claramente que assim como a justiça, nesse ponto de vista ela era cega.
Cega e burra.
Considerando à letra seu lema de vida também compreendia na entrega sentimental, óbvio. Não para ela.
Sua entrega interna acabava se dando às drogas e isso ela fazia bem, dedicava-se diariamente e como era correspondida, davam-se muito bem.
No final por que é que lhe faria falta o amor de qualquer rapaz? Seus corpos já lhe satisfaziam e seu maior contentamento estava em arrancar-lhes as cabeças.
- Quando terei um espaço nas suas gavetas? - praticamente exclamou um mais próximo.
Cobrança demasiada.
- Quando minha heroína deixar de ser divertida... - soprou numa brisa tranquila.
Nesse instante ele já não era mais tão próximo.

terça-feira, 2 de março de 2010

Cabelo Encharcado, Espírito Aquecido

Ia descendo a via de paralelepipedos enquanto a noite molhada temperava sua alegria. Quanto mais andava mais sentia sua conexão com o universo, o que a fez perceber que não precisava de nenhuma máscara.
Numa esquina fixou um canto singular em sua mente e pôde ver que a solidão pode ser, sim, atraente; contudo o guarda-chuva que a seguia proporcionava o aconchego de sua alma apenas com o fato de estar presente.
Inexplicavelmente a ausência de cores noturna lhe assegurava que o próximo passo devia ser dado e, sem deixar que qualquer pessimismo lhe ocorresse, seguiu seu caminho confiante de que não necessariamente o próximo farol a passar por ali seria seu ponto de conforto fantasiosamente trazido pela luz mas o que fosse concreto como a proteção representada pelo guarda-chuva.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Memória De Um Começo Aí...

Ela estava lá porém tudo continuava o mesmo...
Se me deixasse levar pela cena até mesmo ela era a mesma mas como aquelas eram as primeiras palavras trocadas eu não tinha base para saber como era antes.
O curioso é que nada me avisou do perigo representado em sua silhueta e só havia notado nosssa possibilidade de sermos felizes a partir do instante do primeiro sorriso me sendo direcionado.


04/10/09

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bad trip

Numa viagem com estranhos tentou sentir-se à vontade, no entanto nunca desejara tanto a própria ausência em qualquer  lugar no universo; tão desmerecido e tão concreto o oposto de seu pedido íntimo...
Tamanha contradição interna era que escapou por seus pensamentos um fio de ânsia.
Há tempos não sensibilizava-se a tal ponto, nem mesmo lembrava de onde havia tirado razão para o temor que consumia seu estômago.
De certo o momento desproveu-lhe da proteção fraternal a que necessitara, do contrário só teria razões universalmente favoráveis para seu dom, o riso.

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Oh sonora audição colorida do aroma!"

É um silêncio imperdoável, é uma sintonia mais que...
Um ar intocável, uma sinestesia sensível de...
Toque, de pensar, de ver, de degustar
Que dói, queima e diz que só há arte em provar.
Resenha de uma personalidade que apenas peca no sentir, no querer sentir
A natureza, a febre em sua pele, o caráter, o improvável de sua tese.
Eis o mal dos que não são os indispensáveis; sem negar que são admiráveis.

02/08/09

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Se eu quero tomar banho de chapéu...

Como faz sentido certas coisas serem facilmente ignoradas...?
Assim como nossos sentimentos às vezes são forçados a ter um "raciocínio" lógico e logo aprendemos que não devemos expô-los desde sua raíz. Este é um dos aprendizado mais cruéis, senão o mais cruel, que a sociedade já nos impôs. "Não seja natural isso pode assustar ou ser mal entendido, mal julgado". É, julgado, porque é isso que a maioria sabe fazer tão bem ao invés de prestar atenção em cada necessidade interna mais primitiva e ponderar se é isso mesmo que queremos para o nosso futuro. Não... Julgam até mesmo esses sentimentos que às vezes são forçados a ter um "raciocínio" lógico levando-nos a aprender que não devemos expô-los desde sua raíz.