sábado, 12 de julho de 2014

Broto

Algo que nunca te darei
será uma boa dança.
Mas colherei nossos frutos
e os porei em tua boca
Para que com o evoluir de seus sabores
flutues nos leves sonhos que vamos sorrindo.
Assim
salivaremos as
intensas linguagens de todos os tempos
aquelas
estas
que pululam
ao meu passo confuso
e
, precipitadas,
percorrem maratonas de raciocínios homéricos
para chegar ao coração
assim que tropeçadas ao pé do ouvido.

21/06/2014
19h

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Baladas Alexandrinas Abertas à Cabeceira

Hoje percebi que passou
passou a folha voando,
deixou o galho resseco,
raspou no caule cinzento e
deitou marronzando a sacada.

Quando ainda era verde
lambia a janela foscada,
brincava com o sol reluzindo,
mas sempre ao bailar decidido a
fazer doces ao vento.

No tempo 
ligações se craquelam,
umas sombras se apagam
e colores desbotam.

Queria 
abrir a janela
pra ver ressoar
a folha charmosa
sussurros de além....

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sobre Electras, Operários e A Liberdade

O que inova é o surdo,
o ponto cego,
o cheiro do ralo
porque é
o que tá
intocado.
Electra é que manjava
não de reversão
(o arbítrio, ele é livre)
mas de falta.
Como é que pôde suportar-se
em tamanha caixinha de fósforo?
Somente sabendo que o
estopim
está fora!
E não é com uma bandeira que se chega.
É com o segundo seguinte ao sibilar...
do apito do pênalti!!!



Se foi ou não gol
o operário é que sabe onde a alma
ficou, fertilizou e floresceu.

Três minutos de prorrogação
não são chance 
para o clímax
só o agora
e o agora
o agora

agora


a

go

rA


Electra é que manjava
jamais de culpa
(o arbítrio, ele é livre)
mas de reinvenção.




quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Rio de Narciso


Desculpe-me a falta de boa vontade,
minhas unhas não puderam se controlar 
em tocar e raspar e tentar rasgar
superfície tão lisa e lustrosa...

É que por aqui jamais vimos
tamanha ostentação.
Querer ser mais do que se é
não enche nossos estômagos.
Colecionar segundos, terceiros e quartos
cai bem pra quem já tem.
Quem imerge
na ausência de tempo, justiça ou moral 
tá pobre, tá velho, tá fora.

Ausentes do medo
porque quem tem medo
é quem tem.
Quem não é
não deve,
não teme.

Diáfanos da razão:
afogados e desnutridos
passamos desnecessários,
atravessamos seus cassetetes
como quem procura navalha na carne
como quem precisa viver através da morte
como quem busca transcendência nos olhares já sem norte.

A gente não cresce
mas espasma
exala suor de tanto soluçar
cala pra dar a oportunidade de falar
temos piedade porque não sabem o que fazem
temos nojo porque não querem ver que o que fazem
afeta.
Auto
afeta.
Nunca
desinfeta.
Intoxica manchando a visão
não só das personagens malfeitas de suas novelas das nove
só que  ainda do Édipo,
do filho ignorante de sua mãe ambiciosa,
de sua pátria carente de dono,
de sua terra viúva de carícia no ego
de sua raiz seca e empesteada de oportunistas.

Perdoe minhas unhas sujas ousarem
elas só pedem espaço na sua compreensão:
cavam sua máscara de marfim
para trazer de sua garganta
o que devia ter sido vertido 
há Bushes, há Vargas, há Pilatos.................

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

E por mais que eu caminhe o lugar comum não muda...

Só porque eu vejo tanto avanço e tanta retrocedência
num caos que não permite ordem e o progresso pede dispensa.
E em meio a essa competição sem antecedência
pregamos ódio em busca do amor, que incoerência!