segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ilha

Subindo as escadas vou falando com os pombos antes de acender a luz do farol que servirá de guia para alguém, um dia quem sabe. Minha voz é tão tímida que não chega a cobrir o rangido dos degraus mas tenho a estranha certeza de que estou sendo ouvida. Senão pelos pombos, por esta presença que eu sinto. E ela me diz que algo é guardado para mim.
A noite veio.
Vejo um barco se deslocando por entre as ondas mansas.
Curiosidade é o que me invade: neste caminho deserto quem poderia ter a coragem de chegar tão perto?
Apesar de ter recebido regras para controlar meus impulsos sinto um grito amarrado em minha garganta tentando enlouquecidamente sair.
O que me é permitido por enquanto é esperar a embarcação atracar e então virá o momento em que poderei soltar o mais despreocupado riso de alívio.

27/05/09

Óculos de ebriedade

Mal mergulha na crença de que a vida está entrando em seu campo gravitacional; é exatamente quando o álcool vem lhe banhando com o soco quente da verdade, a qual não dera brecha alguma para ser percebida antes.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Saudoso Carlos de Campos


E o dia se foi tão rápido... Como se as nuvens saíssem correndo cada uma com o pretexto de se pôr no horizonte junto ao seu astro o Sol.
A rua agora está calma fazendo parecer impossível qualquer tipo de engarrafamento, nem mesmo de pessoas tentando andar (passar por sobre as outras) na calçada já congestionada de barraquinhas de camelô.
E a brisa suave vindo me sussurrar para eu não me preocupar pois há momentos em que tudo não passa de um sonho.
O trem que vinha correndo nesse instante vai reduzindo sua velocidade como se estivesse com medo de chegar na próxima estação e completar seu árduo trabalho.
É incrível como esse tal Monsenhor do Oriente me dá força para ver a vida de outro ângulo, bonita como é!
Que até o tio da banca, que outro dia tentou me vender o cigarro por um preço mais conveniente para ele, daqui de cima agora parece só mais um trabalhador tentando dar continuidade a esse fluxo que chamamos de vida. Olha lá, ele já está dando um ponto final no seu dia difícil e abrindo mais um parágrafo para o resto de sua história.
Antes que eu me revolte imaginando que ele vai para casa sentar-se em frente à TV e esperar a janta da mulher que ele mal dá atenção, eu me volto para a bandeira do meu país hasteada na torre do prédio mais alto da região e vejo em suas cores a esperança de que todos os fins de tarde sejam tranqüilos assim.

22/04/09

Tentando elencar


Viver é a manifestação da nossa existência.
Aprender a viver é ir enfrentar o público com a sinceridade do palhaço.

07/05/09

Revelando o oculto

Risos e vozes, tudo ao redor é felicidade. Mesmo nesse quarto escuro ouço as várias faces da minha personalidade. Gritando e soprando em meu ouvido querendo entre elas uma se sobressair.
Andava me enganando pensando que deveria me distrair. Contudo preciso apenas prestar mais atenção nos meus mais espontâneos movimentos. Pois são eles que revelarão os mais inconscientes sentimentos.

22/05/09

Aplausos inesperados

Os saltos dos sapatos da alta me aplaudem como se o meu
caminhar fosse tudo menos rotineiro, algo totalmente extraordinário.
O entusiasmo é tanto que, até mesmo depois de um longo dia de árduos trabalhos, dão a entender que eles gostam do espetáculo da vida cotidiana.

05/05/09